Medicina

AVALIAÇÃO DA IMUNOCOMPETENCIA DOS PORTADORES DA SÍNDROME DE RUBINSTEIN-TAYBI

TESE DE DOUTORADO SOBRE RTS RECEBE NOTA MAxIMA NA USP

Em abril, a imunologista Leuridan Cavalcante Torres, membro da Comissão Cientifica da ARTS, defendeu sua tese de doutorado na USP, uma pesquisa sobre a imunidade dos portadores cia RTS, feita sob a orientação da geneticista Sofia Sugayama, também da Comissão Científica daassociação, e da professora doutora Magda Carneiro-Sampaio, do Laboratório de Imunologia de Mucosas do Instituto de Ciências Biomédicas da USP. O estudo, que mereceu a nota máxima da banca de examinadores, demonstrou que as pessoas que nascem com a síndrome de Rubinstein-Taybi, apresentam uma resposta imune desregulada. OARTS News parabeniza Dla. Leuridan Torres por suas descobertas e publica, a seguir, um resumo da tese, que contou também com o apoio financeiro da FAPESP (processos nº 02/058804, O7/56491-1 e 07/54264-8).



AVALIAÇÃO DA IMUNOCOMPETENCIA DOS PORTADORES DA SÍNDROME DE RUBINSTEIN-TAYBI
Dra. Leuridan Cavante Torres I Ora. Sofia Sugayama I Prafa. Dra. Magda Carneiro-Sampaio

O sistema imunológico protege o individuo das infecções causadas por microrganismos invasores. Existem dois diferentes tipos de resposta imune: a inata e a adaptativa (humoral e celular). A inata não é específica, sendo apresentada desde o nascimento. A adaptativa, por sua vez, é especifica e adquirida ao longo da vida após o contato com invasores e/ou com vacinas, por meio do qual o individuo obtém proteção contra esses agentes.

A síndrome de Rubinstein-Taybi é uma doença autossômica dominante, classicamente associada a uma mutação no gene CREB-binding proteinn (CREBBP). Caracteriza-se por dismorfismos craniofaciais típicos, polegares e háluces alargados, infecções aéreas de repetição e deficiência mental e de crescimento. Em vista dos problemas respiratórios recorrentes que acometem os pacientes com RTS, principalmente na primeira década de vida, e da falta de dados na literatura medica, decidimos avaliar a imunocompetencia desse grupo. Para tanto, realizamos testes laboratoriais que investigam possíveis defeitos na resposta imune.

Na investigação da imunocompetência de 17 portadores de RTS, todos com história de infecções respiratórias repetidas, encontramos alterações em mais de um braço da resposta imune, conforme segue:
  • Na imunidade inata dos pacientes estudados, detectamos diversas anormalidades, tais como leucocitose persistente (de 11.000 a 26.000/mm3)de 40% a 50% de neutrófilos com ausência parcial de grânulos citoplasmáticos, defeitos na distribuição dos filamentos de F-actina em parte das células polimorfonucleares e fagocitose diminuída por neutrófilos;
  • Na imunidade humoral, identificamos alta concentração de anticorpos da classe IgM total e da subclasse IgG 1 na circulação e elevados valores absolutos de células de defesa envolvidas na produção de anticorpos, como é o caso das B totais, B naiveB de memória, subpopulação B 1 e linfócitos B com IgM de membrana, alem de um percentual significativo de apoptose, ou morte programada, de linfócitos B;
  • Na imunidade celular do grupo avaliado, por fim, os pacientes tiveram provas cutâneas negativas de hipersensibilidade tardia para três antígenos testados, assim como baixa resposta linfoproliferativa para antígenos protéicos e percentuais alterados de células de defesa que participam diretamente do extermínio de invasores: valores diminuídos de linfócitos T CD45RA+ (T naivee T CD45RO+ (T de memória) e valores elevados de células T duplo-positivas (CD45RA + ICD45ROem ativação).
Diante dos achados laboratoriais obtidos, concluímos que os portadores de RTS apresentam uma desregulação da resposta imune inata e adaptativa. E necessário, portanto, prosseguir o trabalho para aprofundarmos o estudo das principais alterações imunológicas encontradas, por meio da investigação de alguns mecanismos celulares e moleculares fundamentais na imunidade, sempre com o objetivo de contribuir para o melhor tratamento clínico das infecções nesses pacientes.

• Anticorpos = proteínas que reconhecem o antígeno de forma específica. São eles: IgM, IgG, IgA, IgE e subclasses de IgG (IgG 1, IgG2, IgG3 e IgG4).

 • 'Antígeno =          qualquer  substância (geralmente estranha) capaz ou não de estimular uma resposta imune humoral ou celular.

• Apoptose = alterações na morfologia das células, associadas à morte celular programada.
• Células B ou linfócitos B = células  que fazem parte da resposta
imune humoral e que respondem pela produção de anticorpos.

• Células de memória = linfócitos de vida longa, gerados após o
encontro com o antígeno.

• Células naive = linfócitos virgens, isto é, que não entraram em contato com o antígeno.

• Células polimorfonucleares =  células que possuem três ou mais núcleos, a exemplo dos neutrófilos.

• Células T ou linfócitos T =  células que fazem parte da resposta imune celular.

• Fagocitose =      processo de captura de materiais para dentro da
célula (fagócito).

• Filamentos de F-actina = estruturas que fazem parte do citoesqueleto das células.

• Gr.ânulos citoplasmáticos =  grânulos presentes no citoplasma
das células fagocíticas, como os neutrófilos e os monócitos.

• Imunocompetencia =  funcionamento adequado do sistema imunológico.

• Leucocitose =  número anormal de leucócitos, ou seja, elevado valor de leucócitos no sangue periférico. Os leucócitos são células sanguíneas da série branca e incluem Iinfócitos granulócitos (células polimorfonucleares), plaquetas e monócitos.

• Linfócito = leucócito  mononuclear que medeia a imunidade
humoral ou celular, como as células B e T.

• Neutrófilo = responsável pela proteção contra os patógenos, em geral bactérias extracelulares. É a primeira célula que passa do sangue para os tecidos no processo infeccioso.
• Resposta celular = resposta imune mediada pelas células T específicas para o antígeno.

• Resposta humoral = defesa do hospedeiro mediada pelo
anticorpo presente no sangue.



XXVI CONGRESSO DO CENTRO DE ESTUDOS DA CLÍNICA NEUROLÓGICA E NEUROCIRÚRGICA DA SANTA CASA DE BELO HORIZONTE:






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